
Novo editorial do Coletivo EMMA: “8 de Abril, Madri: um voto irrelevante”
Deixa un comentari
Do Coletivo Emma (Col·lectiu Emma).
Publicado originalmente em 14/04/2014
Na passada terça-feira, dia 8 de Abril de 2014, os representantes do Parlamento Catalão foram a Madrid para solicitar ao Congresso espanhol a autorização da convocatória de um referêndum para conhecer a opinião do povo catalão sobre a relação actual e futura com Espanha.
É de conhecimento generalizado, que uma grande parte de catalães não estão confortáveis com o caminho que segue a política espanhola ultimamente, e sente o impacto que este facto está a causar no seu estado colectivo dentro de Espanha. Pelo que, não parece fora do lugar, então, tentar descobrir o grau exacto e a generalidade do descontentamento da sociedade catalã. Seguindo o exemplo do Reino Unido, onde os poderes de convocatória de um referêndum nos mesmos termos, foram delegados ao Parlamento Escocês, os legisladores catalães solicitaram ao Congresso a aprovação de um plano que permitiria convocar a consulta dentro do âmbito da legislação espanhola.
A sua proposta, com o respaldo de duas terceiras partes do parlamento catalão, foi desestimada por quase o 90 % dos votos. Este resultado, juntamente com o posicionamento dos partidos que detém a maioria no governo espanhol, durante o debate, confirma que a divisão separa, não só os políticos, como também os povos de Espanha e da catalunha. No plano politico, os partidos que controlam as cortes em Madrid, sustentam só um quarto dos lugares do parlamento catalão. Nas ruas da Catalunha, a opinião pública apoia a independência e bem mais do 50 % – estando a oposição explícita por baixo do 25 %. De acordo com estas sondagens, a ideia de um referêndum sobre a matéria, é apoiado por 80 % dos catalães. Obviamente, uma tal opinião pública, não deveria ser ignorada, e muito menos suprimida. É por esta razão que é tão difícil de perceber a lógica da linha dura escolhida pelos poderes espanhóis, especialmente considerando que não tem apresentado nenhuma proposta alternativa.
Apresentando-se no congresso em Madrid, os catalães deram a Espanha uma nova oportunidade para reconduzir o processo de volta a um caminho mais racional. Poucos esperavam do debate um reconhecimento honesto dos agravos dos catalães, ou um serio intento para os resolver. Alguns, no entanto, esperavam ainda que se entreabrisse a porta do diálogo. Pelo contrário, todas as forças políticas espanholas bloquearam a reclamação e a proposta catalã, de tal forma que ainda é mais difícil encontrar uma solução de aceitação conjunta do conflito. Na verdade, a atitude que demonstra esta votação, pode ter dado aos catalães ainda mais motivos para querer desprender-se de Espanha.
No fim de contas, é possível que o debate e o voto não tenham sido mais que uma mera formalidade, mas os Catalães sentiram que tinham de trazer a sua proposta ao Congresso de Madrid para demostrar o seu desejo de colaborar com a Espanha sobre este tema – inclusive sabendo que estava condenado ao fracasso. Mas, assim como muitos relatórios dos média internacionais apontaram, não é de modo algum o fim da estrada para o projecto Catalão. Agora o Parlamento e Governo da Catalunha terão de escolher entre obedecer os ditados de Madrid ou dar ouvidos às demandas do seu próprio povo. Muito antes do dia 8 de Abril, estes se tinham comprometido a dar aos catalães os meios d’expressão de uma forma legítima, pacifica e ordenada. Este compromisso mantem-se, e o povo estará encarregue de fazer cumprir a palavra dada pelos seus dirigentes.