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Publicado originalmene em 04/02/15
(AFP) – O presidente do FC Barcelona, Josep Maria Bartomeu, indiciado por suposta fraude fiscal na contratação do brasileiro Neymar, vinculou os problemas judiciais do clube ao apoio do Barça ao processo de independência da região espanhola da Catalunha.
“Estou convencido de que há certos poderes do Estado que não gostaram que Neymar tenha vindo para o Barça ou que o Barça, como clube catalão, tenha participado em certos atos”, afirmou Bartomeu em uma entrevista ao canal regional 8tv.
Vinculado historicamente ao nacionalismo catalão, nos últimos anos o Barcelona cedeu o estádio para a celebração de um concerto a favor da independência, fez com que time B utilizasse um uniforme com as cores da bandeira catalã e vários atletas e dirigentes participaram em protestos separatistas.
“Isto não agradou e se voltou contra o clube. Há uma conta política”, disse o presidente, que repetiu mais uma vez que o “Barcelona não fez nada errado”.
Bartomeu, que pouco depois de assumir o cargo em janeiro de 2014 decidiu pagar 13,5 milhões de euros à Fazenda para regularizar a situação do clube, foi indiciado na terça-feira por não supostamente não pagar 2,845 milhões de euros de impostos correspondentes a um pagamento de cinco milhões feito ao brasileiro no ano passado.
“Isto é exagerado e desmedido”, alegou Bartomeu na entrevista, antes de apontar uma conspiração contra o Barça por seu posicionamento a favor de um referendo separatista na Catalunha ou porque Neymar rejeitou ofertas melhores para jogar pelo clube, em uma referência implícita ao Real Madrid.
A contratação do brasileiro em maio de 2013 se tornou um problema para o clube, acusado pela promotoria espanhola de ter ocultado o preço real da negociação em diversos pagamentos para evitar a tributação da Fazenda.
O clube anunciou o valor de 57 milhões de euros para a transferência, mas a promotoria considera que o custo foi de 86,2 milhões, que, somados aos 12 milhões de euros que o clube teria deixado de pagar em impostos, elevariam a quantia da operação a 94,9 milhões de euros.
A promotoria solicitou ao juiz responsável pelo caso o julgamento do clube e de seu ex-presidente Sandro Rosell, que renunciou em consequência do escândalo, por dois crimes fiscais e um delito societário no caso do ex-dirigente.