Desde que o processo soberanista começou a ganhar corpo na Catalunha, há quatro anos, venho acompanhando a divulgação de notícias sobre o tema por parte da mídia local, majoritariamente fincada em Barcelona.
Como jornalista, tenho a convicção de que além de trabalhar pela ampla e plural cobertura dos passos dados até agora, quando a população aguarda o 9 de novembro para votar se quer se separar da Espanha, os defensores da emancipação política devem também se preocupar em propagar o que está acontecendo na Catalunha para além de suas fronteiras.
Faço essa observação desde o Brasil, de onde escrevo textos para o blog Da Catalunha para o Mundo, ancorado na página do jornal digital Vilaweb, sediado em Barcelona. A idéia de criar o blog surgiu do propósito de divulgar notícias em língua portuguesa sobre o processo soberanista catalão, visando a contribuir para que mais gente no mundo afora saiba o que está acontecendo atualmente.
Digo isso porque pouca gente fora da Espanha conhece a história da Catalunha, muito menos dispõe de informações sobre a luta pela independência. Há quem nem saiba que se fala outra língua no país além do castelhano. Informação que frequentemente causa surpresa aos brasileiros que viajam a Barcelona.
Isso aconteceu comigo quando, há 12 anos, coloquei os pés em Barcelona pela primeira vez, numa viagem de férias. Ao caminhar pelas ruas, tentando decifrar as placas informativas ou entender o que estava escrito nos folhetos de divulgação turística, não conseguia identificar qual era aquela língua.
Jornalista desinformada? Apenas mais uma entre os milhões de pessoas que vivem nas Américas e recebem informações da propaganda oficial da Espanha, a quem não interessa que se destaque que no país falam-se outras línguas e o porquê disso. Muito menos que a configuração atual do Estado espanhol tem apenas 300 anos e foi traçada a custa de batalhas sangrentas, especialmente na Catalunha.
Assim, causa surpresa quando um turista latino-americano chega a Barcelona e dá de cara com a língua catalã. Mais ainda quando se descobre que esta região tão conhecida mundo afora pela grandiosidade da arquitetura e a badalação em torno dos chefs de cozinha, só para citar duas características, é uma nação submersa que quer se separar da Espanha.
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