Anotacions rizomàtiques

L'escriptura proteica front a la cultura quadrangular

26 de juny de 2010
6 comentaris

10 SONETS DE LUIS DE CAMÔES, IMPERIAL I INDIGENT (Altres Veus)

Imatge: retrat de Camôes. Ja de ben jove, en una batalla pels voltants de Ceuta, perd l’ull dret, la major part de la vida serà tort.

     Luis Vaz de Camôes (1524-1580) és el poeta nacional de Portugal. A diferència d’altres poetes nacionals com Shakespeare o Ausiàs March, Camôes disposa d’un patrimoni perceptiu especial: els seus llargs anys de vida pel Tercer Món, als inicis de l’expansió imperial portuguesa, li permeten atresorar una experiència de l’Alteritat molt vasta, potser això és un dels principals valors d’”Os Lusíadas”: la “confrontació observacional” dels europeus amb nombrosos pobles africans, indis i d’Indotxina.

 

      Mentre viu de ben jove a Lisboa, com a noble vingut a menys i amb dificultats econòmiques, gaudeix d’afers sentimentals amb dames principals de la Cort, però també es lliura a la disbauxa nocturna, sovinteja les zones rotges dels prostíbuls i protagonitza aldarulls (si voleu accedir a unes descripcions ben documentades d’eixos ambients, res millor que rellegir a l’historiador republicà José Deleito y Piñuela: per exemple, els seus estudis  El desenfreno erótico o La mala vida en la España de Felipe IV).

 

     En una d’eixes nits de farra i baralles, Camôes s’enfronta a un noble més important que ell. El rei l’obliga a que marxe en una expedició marítima, per a estalviar la presó. S’inicia el periple orientalista de Camôes durant uns 17 anys. Diuen que el poeta destacarà com a militar valent en els enfrontaments amb tribus autòctones i també és cert que va viure llargs períodes d’inactivitat dedicats a la poesia i a les tertúlies. Es conta la proesa literària que una volta va naufragar un dels seus vaixells a prop del riu Mekong i Camôes va haver de nedar amb el braç en alt per a salvar els manuscrits d’Os Lusíadas.

 

     Aconsegueix un càrrec oficial poc remuneratiu en la llavors naixent ciutat portuguesa de Macau (situada enfront de Hong Kong, avui en dia la ciutat xinesa dels jocs d’atzar, com ho puga ser Las Vegas a USA), Camôes té dificultat per a fer carrera colonial, probablement per la seua independència de criteri. Farà estades a Goa (l’Índia) i, de retorn a Lisboa, viu una llarga temporada com a indigent en la costa de Moçambic, a on segueix perfeccionant els seus manuscrits. Uns amics el descobreixen i li paguen el retorn a Portugal. Es diu que a Lisboa viurà pel barri vell de Mouraria i que a voltes demanarà almoina a les portes de l’Església de Santa Ana. Han anat publicant-se les seues obres, aconsegueix fer-se un nom, es tornarà un mite.

 

     Mentre és viu, la monarquia li paga una pensió irregular de 15.000 reis anuals, més per ser un noble que torna de la lluita colonial que per conrear amb solvència les lletres. Mor als 57 anys, sense haver-se casat ni haver tingut fills, per la mateixa època que Portugal perd la batalla d’Alcaçarquivir front als espanyols, a on desapareixerà el rei Sebastiao (un altre mite nacional, el “sebastianisme”, représ segles després per Fernando Pessoa: durant anys i panys, els portuguesos esperaran que Sebastiao reaparega i ho pose tot al seu lloc d’esplendor).

 

Més info, ací: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Cam%C3%B5es

 

    L’obra poètica de Camôes és molt rica, no sols des de la vessant èpico-imperial, també els seus poemes personals estan radiants de lirisme i en prou ocasions ha sabut conservar el bon humor per a fer comèdies. Enmig del renaixement, als seus versos s’albira el manierisme i un cert avançament del barroc, a través de contrastos dialèctics i jocs del llenguatge. Francament, sorprén molt la modernitat d’aquest gran poeta: en algunes estrofes sembla un blogaire d’avui en dia 😉

 

[Hi ha més: clica avall, per llegir els 10 sonets transcrits ací…]

I

Tanto de meu estado me acho incerto

Que, em vivo ardor, tremendo estou de frio;

Sem causa, juntamente choro e rio;

O mundo todo abarco e nada aperto.

 

É tudo quanto sinto um desconcerto;

D’alma um fogo me sai, da vista um rio;

Agora espero, agora desconfio,

Agora desvario, agora acerto.

 

Estando em terra, chego ao céu voando;

Num’hora acho mil anos, e é de jeito

Que em mil anos nâo posso achar um’hora.

 

Se me pergunta alguém porque assi ando,

Respondo que nâo sei; porém suspeito

Que só porque vos vi, minha senhora.

 

VI

 

Que levas, cruel Morte? Um claro dia.

A que horas o tomaste? Amanhecendo.

Entendes o que levas? Nâo o entendo.

Pois quem to faz levar? Quem o entendia.

 

Seu corpo quem o goza? A terra fria.

Como ficou sua Luz? Anoitecendo.

Lusitânia que diz? Fica dizendo:

Enfim, nâo mereci Dona Maria.

 

Mataste quem a viu? Já morto estava.

Que diz o cru Amor? Falar nâo ousa.

E quem o faz calar? Minha vontade.

 

Na corte que ficou? Saudade brava.

Que fica lá que ver? Nenhûa cousa;

Mas fica que chorar sua beldade.

 

VII

 

Esforço grande, igual ao pensamento;

Pensamentos em obras divulgados,

E nâo em peito tímido encerrados

E desfeitos despois em chuva e vento;

 

Ânimo da cobiça baixa isento,

Digno por isso só de altos estados;

Fero açoute dos nunca bem domados

Povos do Malabar sanguinolento;

 

Gentileza de membros corporais,

Ornados de pudica continência,

Obra por certo rara de natura:

 

Estas virtudes e outras muitas mais,

Dignas todas da homérica eloquência,

Jazem debaixo desta sepultura.

 

 

VIII

 

Onde porei meus olhos que nâo veja

A causa donde nace meu tormento?

Ou a que parte irei co pensamento

Que, para descansar, parte me seja?

 

Engana-se quem busca o quem deseja

Em vâo a mór firmeza no contento

Que todo o seu prazer é névoa ao vento,

Onde sempre o bem falta e o mal sobeja.

 

Anda minha alma cega, anda enganada,

A luz nâo busco; nem me desengano,

Nem curo de razâo. Busco o desejo

 

Após um nâo sei quê, após um nada,

Onde é certo o perigo e certo o dano;

Que quanto mais me chego, menos vejo.

 

IX

 

Quando os olhos emprego no passado,

De quanto passei me acho arrepentido;

Vejo que tudo foi tempo perdido,

Que tudo emprego foi mal empregado.

 

Sempre no mais danoso mais cuidado;

Tudo o que mais cumpria mal cumplido;

De desenganos menos advertido

Fui, quan de esperanças mais frustado.

 

Os castelos que erguia o pensamento,

No ponto que mais alto os erguia,

Por este châo os via em um momento.

 

Que erradas contas faz a fantasia!

Pois tudo pára em morte, tudo em vento,

Triste o que espera, triste o que confia!

 

X

 

Coitado, que em um tempo choro e rio,

Espero, temo, quero e aborreço,

Juntamente me alegro e entristeço,

De ûa cousa confio e desconfio.

 

Avôo sem asas, estou cego e guio,

E no que valho mais menos mereço;

Calando, vozes dou; falo e emudeço,

Nada me contradiz e eu aporfio.

 

Queria, se ser pudesse, o impossível;

Queria poder mudar-me e estar quedo,

Usar de liberdade e ser cativo.

 

Queria que visto fosse e invisível;

Queria desenredar-me, e mais me enredo:

Tais sâo os extremos em que triste vivo!

 

XI

 

Os meus alegres, venturosos dias

Passaram como raio, brevemente;

Movem-se os tristes mais pesadamente

Após das fugitivas alegrias.

 

Ah, falsas pretensôes, vâs fantasias,

Que me podeis já dar que me contente?

Já de meu triste peito a chama ardente

O tempo reduziu a cinzas frias.

 

Nelas revolvo agora erros passados,

Que outro fruto nâo deu a mocidade,

A quem vergonha e dor minha alma deve.

 

Revolvo mais de toda a mais idade

Desejos vâos, vâos choros, vâos cuidados,

Para que leve tudo o tempo leve.

 

XII

 

Alma gentil, que à firme eternidade

Subiste clara e valerosamente,

Cá durará de ti perpetuamente

A fama, a glória, o nome e saudade.

 

Nâo sei se é mór espanto em tal idade

Deixar de teu valor inveja à gente,

Se um peito de diamante ou de serpente

Fizeres que se mova a piedade.

 

Invejosas da tua acho mil sortes,

E a minha mais que todas invejosa,

Pos ao teu mal o meu tanto igualaste.

 

Oh! Ditoso morrer! Sorte ditosa!

Pois o que nâo se alcança com mil mortes

Tu com ûa só morte o alcançaste!

 

——————————————————-

Transforma-se o amador na cousa amada
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada
Que mais deseja o corpo alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois com ele tal alma está liada.

Mas esta linda e pura Semidea
Que como o acidente em seu sujeito,
Assi com a alma minha se conforma;

Está no pensamento como ideia;
E o vivo, o puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.

——————————————————

 

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

  1. Sabeu Joan-Carles de Callosa que al Joan-Carles d’Elx li ha entrat una vena sonetaire difícil d’esmenar.

    Quan el riu vessa que un se n’ix de mare la disciplina i la brevetat s’imposa per implosionar en compte d’explosionar al cabal.

    La lectura dels sonets de Camoes en versió original portuguesa m’ha vingut bé encara que haureu de pensar que això faig després de la lectura dels 145 sonets de Shakespeare en versió origina anglesa  de qui teniu el link al meu blog de poesia al qual us he afegit perquè tan sols ho faig allà amb poetes.

    I sempre, sempre, hi haurà Foix.

    Per ma banda -vella expressió elxana- en porte quinze i no aturaré fins haver acomplit els 145 del Gran Bard anglès que si no anà al Meking Déu n’hi do el que visqué al llarg de la Tàmesi.

    Pel que fa al comentari d’algun amic seu anònim -crec que fou el 2009-sobre el perill de pixar aigua beneïda -beateria crec que en diu- de qui fa sonets això no deu ser per la musicalitat  ni la mètrica perquè en conec molts que això fan amb prosa poètica d’escriptura automàtica.

    Avui he publicat el meu sonet del donzell amarg,

    Amb admiració d’aquest amic vostre,

Respon a vermelldelx Cancel·la les respostes

L'adreça electrònica no es publicarà. Els camps necessaris estan marcats amb *

Aquest lloc està protegit per reCAPTCHA i s’apliquen la política de privadesa i les condicions del servei de Google.

Us ha agradat aquest article? Compartiu-lo!