Jaume Renyer

per l'esquerra de la llibertat

16 d'agost de 2016
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Joao Carlos Espada: “A globalizaçao do autoritarismo”

Joao Carlos Espada (Lisboa, 1955) ha estat professor de ciència política a diverses universitat portugueses i angleses, que ha evolucionat des del maoisme de la seva joventut (militant de la Uniao Democrática Popular) al liberalisme. Ahir va publicar aqueix interessant article panoràmic sobre el fenomen mundial dels nous estats autoritaris com a reacció a la generalització de les societats obertes després de la caiguda del mur de Berlin i el col·lapse del sistema comunista soviètic:

“Se as democracias continuarem a optar por uma política reactiva que permita aos autoritários manterem a iniciativa, podemos contar com a sombria perspectiva de ainda mais erosão do espaço democrático.

Authoritarianism Goes Global: The Challenge to Democracy é o título do mais recente livro publicado pela já longa parceria entre o International Forum for Democratic Studies (IFDS) e a Johns Hopkins University Press. Resulta de uma série de debates e palestras promovidos desde 2014 pelo IFDS em Washington, DC. O livro tem como editores Larry Diamond e Marc F. Plattner — os dois directores-fundadores, desde 1990, do Journal of Democracy — bem como Christopher Walker, o sucessor de Marc Plattner na direcção do IFDS.

Plattner e Walker dirigiram em Junho passado o painel de abertura do Estoril Political Forum 2016 (EPF) sobre este mesmo tema, onde o livro foi apresentado. O impacto foi marcante nas largas centenas de participantes no EPF e alimentou debates ao longo dos três dias do evento. Com razão: o livro não deixa nenhum democrata (de esquerda ou de direita) tranquilo.

Logo na abertura, os editores referem três tendências que marcaram o quarto de século após a queda do Muro de Berlim, em 1989. A primeira tendência (na verdade iniciada pelo 25 de Abril de 1974 em Portugal e pela consolidação democrática de 25 de Novembro de 1975) ficou conhecida por “Terceira Vaga de Democratização”. Levou às transições democráticas na Grécia e em Espanha, depois na América Latina e em vários países asiáticos. Culminou na queda do comunismo em 1989 e deu um novo impulso à democratização mundial. De 1990 até 2005, o número das chamadas “democracias eleitorais” cresceu de 76 para 119. No mesmo período, o número de países considerados livres pela Freedom House passou de 65 para 89.

Uma segunda tendência, que os autores denominam de “backlash against democracy” começou a emergir por volta de 2005. Basicamente tratou-se de uma reacção doméstica de vários regimes autoritários contra oposições internas, em países como o Egipto, a Rússia, a Venezuela ou o Zimbabwe. Em 2006, o Journal of Democracy estimava que esse retrocesso estaria a ocorrer em apenas 20 dos cerca de 80 países que recebiam assistência democrática. Seria, por isso, um fenómeno limitado.

Mas uma terceira tendência — a que os autores chamam “vaga autoritária” — veio entretanto ampliar o alcance e a natureza daquele retrocesso, que era inicialmente limitado e sobretudo doméstico. “Liderados pelos ‘Cinco Grandes’ estados autoritários da China, Rússia, Irão, Arábia Saudita e Venezuela, os poderes autoritários têm tomado acções mais coordenadas e decisivas para conter a democracia a um nível global” — escrevem os editores na introdução do livro.

É esta natureza global, e já não doméstica, da reacção autoritária que dá o título ao livro e domina os vários capítulos. Numa primeira parte, é analisada a estratégia global de cada um dos “Cinco Grandes”. A segunda parte contém sete capítulos que analisam as estratégias de “soft-power” da vaga autoritária em áreas como a alteração das normas internacionais, a manipulação dos mecanismo de observação de eleições, o controlo sobre a sociedade civil, a ofensiva global sobre os meios de comunicação social e a internet à escala global.

Não é possível resumir aqui a imensa informação que o livro contém sobre esta “vaga autoritária global”. Mas talvez valha a pena referir alguns aspectos da impressionante campanha mediática que está a ser financiada à escala global pelos “Cinco Grandes”.

No caso da Rússia, por exemplo, a cadeia de televisão RT tem uma sede em Washington e estações emissoras em Nova Iorque, Miami e Los Angeles. Além de emitir em inglês, tem também uma edição em árabe e outra em espanhol.

Também a China, através da CCTV, oferece programas televisivos em inglês, francês, árabe, russo, e espanhol. Na sua sede em Washington, a CCTV emprega cerca de trinta jornalistas na produção de programas em mandarim — e mais de cem na produção de programas em inglês. A CCTV tem doze escritórios na América Latina, e uma enorme rede em África. Segundo uma investigação da Reuters, 33 estações em 14 países transmitem primariamente conteúdos produzidos ou fornecidos pela CRI (China Radio International) nos EUA, Austrália e Europa.

Como sublinha Christopher Walker na conclusão de Authoritarianism Goes Global, o que caracteriza as redes emissoras dos “Cinco Grandes” é a comum oposição ao Ocidente, aos EUA e à União Europeia. “Na medida que que aqueles cinco regimes possam concordar com alguma ideologia, essa ideologia é o anti-americanismo”, observa Walker.

E conclui: “se as democracias continuarem a optar por uma mera política reactiva que permita aos autoritários manterem a iniciativa, podemos contar com a sombria perspectiva de uma ainda maior erosão do espaço democrático nos próximos anos.”

Post Scriptum, 16 d’agost del 2023.

El 28 de desembre del 2015, Joao Carlos Espada  va acomiadar-se com a columnista del diari Público amb aqueix punyent article, amb el títol  que fa referència a la magna obra de Karl Popper: “A sociedade aberta e os seus inimigos”: A direita e a esquerda democráticas deveriam sublinhar o seu compromisso comum com a liberdade e a democracia ocidentais”.

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