RAJOY LEVA PUXÃO DE ORELHAS DO FINANCIAL TIMES, QUE PEDE NEGOCIAÇÃO COM A CATALUNHA
Deixa un comentariBaseado em informações de Vilaweb, publicadas em 6 de maio de 2014
O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, levou um puxão de orelhas, nesta segunda-feira (5 de maio), na edição do jornal Financial Times, pela forma como vem tratando o caso da Catalunha. A comunidade autônoma se prepara para votar em novembro um referendo sobre a independência, com ou sem a anuência do governo espanhol. Esta não é a primeira vez que o jornal britânico trata sobre o assunto, instando Rajoy a abrir negociação.
O jornal diz que a maneira de evitar um conflito maior é uma “terceira via entre a secessão e o status quo”, que para Madri deveria significar “uma maior autonomia para a Catalunha, na forma de uma nova Constituição”. Entre as mudanças que o jornal acredita indiscutível estaria acabar com o déficit fiscal catalão. O déficit fiscal acontece quando a diferença entre o que se arrecada num território e o que se investe nele é negativa.
O Financial Times termina seu editorial afirmando o seguinte: “Encontrar um acordo sobre estas questões não será fácil. Mas Rajoy tem que se livrar da ideia de que o sentimento catalão vai mudar se a crise econômica arrefecer. O desejo de independência catalã não é algo que vai passar.
“O primeiro-ministro espanhol tem que procurar um compromisso. Não pode se esconder atrás da constituição argumentando que vai bloquear o caminho para o referendo ou a independência. Em sentido estrito é assim. Mas a Constituição deveria ser capaz de acomodar algumas das demandas dos catalães sem chegar a quebrar a Espanha. Agora é a hora de reconhecê-lo”.
PRECEDENTES
Esta não é a primeira vez que o Financial Times dá palpite sobre o recente conflito político entre a Catalunha e a Espanha, apontando para uma solução federal de conciliação.
Conforme explica Vilaweb nesta outra matéria, em 15 de dezembro passado, o prestigioso jornal inglês publicou outro editorial (link, pago), após o presidente da Catalunha e a maioria das forças parlamentares catalãs terem anunciado a data para o referendo e a fórmula da pergunta a ser empregada.
Daquela vez, o jornal inglês intitulava seu editorial: “A próxima crise na Espanha” e assegurava que ainda não era “tarde demais para acomodar os catalães” dentro do estado espanhol. Ao pedir“mais federalismo numa Espanha que precisa de uma renovação institucional”, atestava que a pergunta proposta para o referendo pelos partidos catalães “tem os ingredientes para uma solução“. E continuava: “Não são apenas os catalães, mas os principais partidos espanhóis, o PP de Rajoy e os socialistas, que têm que estar à altura das circunstâncias”. O que agora, cinco meses depois, teriam provado não está-lo, daí o novo puxão de orelhas.
Além disso, o editoral afirmava que “a Espanha foi prezada pela sua transição da ditadura de Franco para uma democracia descentralizada. Mas ainda não soube transformar-se numa casa plurinacional suficientemente confortável para os diversos povos culturais que contém”.