Vemo-nos obrigados a falar neste Llengues Vives, mais uma vez, de um tal Benigno López, não por acaso Valedor do Povo (nome com que as instituições autoanémicas deste recanto peninsular batizaram o Provedor de Justiça).
Este hominho, afetado de galegofobia galopante, uma doença cada vez mais comum entre os que desgovernan o Antigo Reino sem rei (próprio), continua a atacar o nosso idioma. A sua última falcatruada ter instado à Conselharia de Educação a retirar um manual de leitura de ensino primário por afirmar que “a língua própria da Galiza é o galego”, curiosamente por dizer o mesminho que o artigo 5° do nosso separatista Estatuto… era de Autonomia? ou de Autonomínima?
Quosque tandem, Benigno, abutere patientia nostra? Ó Benigno, valedor do desvalido castelhano, herói do Impaís que se nega a si próprio, sentimos comunicar-te que a tua façanha a maior glória de Espanha, embora seja muito meritória, ainda não conseguiu igualar a proeza sem par daquele Domingo que, quando ostentava a um tempo os cargos de Presidente da Real Academia Galega e de Delegado do Governo Espanhol, em lance épico e sem duvidar nem por um momento, nem pensar em se demitir, recorreu perante o Tribunal Constitucional a Lei de Normalização Linguística que exigia o dever do conhecimento do galego.
Ai! e nestes desvalimentos andávamos quando nos deixou o Isaac. Simplesmente Isaac, nem é preciso apelidos. O homem mais querido da Galiza (Rivas dixit). Noventa e dous anos de amor à Terra, mas não de amor retórico e fácil, não, noventa e dous anos empregados em fazer país do Impaís: Cerâmicas do Castro, Laboratório de Formas, Cerâmicas de Sargadelos, museu Carlos Maside, Laboratório Geológico de Laje, Ediciós do Castro, Seminário de Estudos Galegos, Instituto Galego de Informação… e ainda, após a traição que o despossuiu das suas empresas, teve forças para doar ao povo galego, contra a vontade da família, o seu imenso legado bibliográfico, documental, epistolar e gráfico.
Isaac (1920-2012), o filho do galeguista Camilo Dias Valinho, assassinado em 36. Isaac, o “limpamerdas” de Sargadelos como gostava de se autodefinir. Isaac, o pintor, que renunciou por humildade aos pincéis… o escultor, o ceramista, o designer, o mecenas, o intelectual, o empresário, o escritor, o reintegracionista. Isaac, o GALEGO!
Obrigados Isaac!