29 de maig de 2012
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Dia das Letras: Valentim Paz-Andrade

«Hoje, mais que em nenhuma outra passagem da História, por cima de tudo está o destino conjunto da língua galaico-portuguesa. O terceiro dos grandes domínios da civilização atlântica, do que a nacionalidade galega não pode ficar ausente» (V. Paz-Andrade, “O porvir da língua galega”, 1968).

Mais um ano Galiza comemorou o dia 17 de maio, Dia das Letras. Atos institucionais, o presidente Feijoo e o “independentista” Ferrín mano a mano, ou atos reivindicativos promovidos pola Mesa e outras associações culturais e cívicas, como a tradicional manifestação compostelana ou o Correlíngua que envolveu estudantes das principais vilas e cidades galegas. Atos, no entanto, que não conseguiram iludir uma sociedade galega que maioritariamente aproveitou o feriado para o lazer com a família ou as amizades…

A prolongada crise do Bloque Nacionalista Galego (BNG), difundida polas suas organizações culturais satélites, e o facto de que durante anos a Real Academia Galega (RAG) tenha escolhido escritores de escassa relevância pública, sem dúvida terão contribuído para a decadência da celebração.

Mas este ano, protagonizou o Dia das Letras uma personagem essencial na Galiza cultural, política e social do século XX.  Valentim Paz-Andrade nasceu em Leres (Ponte Vedra) em 1898. Na sua mocidade participou na fundação das Irmandades da Fala históricas e na II Assembleia Nacionalista, em 1921 licenciou-se em Direito, em 30 presidiu o Grupo Autonomista Galego e em 34 foi nomeado secretário do Partido Galeguista, colaborando na redação do anteprojeto de Estatuto de Autonomia. Após a Guerra de 36 foi desterrado na Estremadura espanhola. Durante o franquismo, exerceu como advogado e trabalhou como técnico da FAO, perito internacional em indústrias pesqueiras. Em 1960 colaborou na criação da multinacional Pescanova, ocupando a vice-presidência dessa que durante anos foi a principal empresa galega e a primeira companhia armadora europeia de buques congeladores. Manteve ao mesmo tempo um intenso lavor cultural, literário e político, com artigos em jornais e a publicação de mais de uma dezena de livros, da poesia, p.ex. Pranto matricial (1954), ao ensaio, p.ex. Galiza como tarefa (1959) ou Galiza lavra a sua imagem (1985).

Membro da Real Academia Galega (1964), da Academia Galega das Ciências (1985) e vice-presidente da Comissão para a Integração da Língua da Galiza no Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro (1986). Fez parte, durante a “Transição”, da Junta Democrática e da Plataforma de Organizações Democráticas, sendo eleito senador pola Candidatura Democrática Galega (1977).

Recebeu diferentes galardões ao longo da sua vida: o Pedrão de Ouro (1975), a Medalha da Cidade de Ponte Vedra (1979), a Medalha Castelão (1984), a Medalha de Ouro da Cidade de Vigo (1986) e o Prémio Trasalva (1986). Faleceu em 1987 em Vigo.

No dia 16 de maio, véspera do Dia das Letras, um grupo de cidadãos e cidadãs, herdeiros do seu pensamento, registou no Parlamento Galego a Iniciativa Legislativa Popular «Valentim Paz-Andrade» para o aproveitamento da língua portuguesa e os vínculos com a Lusofonia.

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