15 d'octubre de 2012
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Das oportunidades da língua e as próximas eleições

No dia 21 de outubro na Galiza temos eleições autonómicas mais uma vez. As anteriores foram marcadas por um debate aceso em torno da língua, porém nestas tudo indica que a questão idiomática vai ficar de lado…

A seguir e partindo dos programas, analisaremos brevemente o posicionamento linguístico das principais candidaturas. Permitam-nos para isso brincar um pouco com o título do ensaio de Valentim R. Fagim e José R. Pichel, O Galego é uma Oportunidade, já referido no nosso último artigo.

Feijóo, o atual presidente da Junta da Galiza, separou-se há tempo daquela antiga amante bilíngue, Gloria Lago, agora em braços do sedutor Mário Conde. Paralisado o movimento normalizador (A Mesa et al.), vítima das crises internas do nacionalismo, Feijóo não teve nos últimos tempos oposição real ao seu “bilinguismo cordial”, o eufemismo com que esconde as suas políticas desgaleguizadoras. E, ó surpresa, Feijóo, qual Saulo a cair do cavalo, está a descobrir o reintegracionismo. Primeiro foi aquela entrevista em Intereconomía e agora o programa do PPdeG, onde se fala de “projetar o galego como uma língua moderna e vital cheia de possibilidades que nos permite comunicar-nos com mais de 270 milhões de pessoas de países lusófonos em todo o mundo”, também de “fomentar com medidas ativas a aproximaçom dos países da Lusofonia, graças às grandes oportunidades que nos brinda o português como língua internacional intercompreensível com o galego”. Em resumo, O Galego é uma Oportunidade… para os negócios internacionais.

O galego do Pachi, o do PSOE, rivaliza em castelhanismos com o do Feijóo e não saberíamos dizer qual deles alcança uma pior qualidade. Foi infundado o rumor (saído de fontes próximas do partido) de que copiaram parte do programa linguístico do livro O Galego é uma Oportunidade. Lemo-lo inteiro e não conseguimos encontrar esses trechos. O tal programa, cheio de obviedades politicamente corretas, conclui que o galego é “património linguístico espanhol”. Pois, como era de esperar.

Jorquera, o do BNG, nasceu ferrolano e, portanto, castelhano-falante. Mas  converteu-se ao monolinguismo galego numa adolescência revolucionária e patriótica. Lembramo-lo imberbe nos Maristas da Crunha a traduzir uma prova do latim… diretamente para o galego! Foi na altura um ato heroico. No programa do BNG falam “de promover o estudo da língua portuguesa nos centros de ensino”, nomeadamente nas Escolas Oficiais de Idiomas e, mais vagamente, como noutras ocasiões, “duma política ativa de intercâmbio e promoção de produção cultural entre a Galiza, Portugal e o resto dos países de expressão galego-portuguesa, em busca da normalização e internacionalização da cultura expressada no nosso idioma.”. Ai! Parece que não se atreveram a dizer às claras que O Galego é uma Oportunidade, talvez porque na UPG (a “vanguarda” da frente) são demasiado conservadores. Ora bem, o que não esqueceram foi a defesa do “nosso idioma” no “Vale do Elhas (Estremadura)”… Ainda não sabem que o que se fala no Vale do Elhas (Xalma, Cáceres) são dialetos portugueses, como em Almedilha (Salamanca), na região de Alcântara (Cáceres e Badajoz), em Olivença (Badajoz) ou em Calabor (Samora)? Então o que é galego e o que é português? 

O irmandinho Beiras, agora fora do BNG e unido aos independentistas de Ferrín e aos comunistas espanhóis na Alternativa Galega de Esquerda (AGE), mamou a língua numa família galeguista da pequena burguesia compostelana. Fala um galego hiperenxebre que nos traz saudades da Geração Nós e das assembleias universitárias de 68. Na sua genialidade, o Beiras vê que O Galego é uma Oportunidade para reinventar o idioma em cada frase… O programa linguístico da AGE, escasso… sete, nove palavras, “defesa ativa” (…) “contra as agressões continuadas à nossa língua”. E não há mais.

Bascuas é o candidato de “Compromiso x Galicia”. Uns veem no nome escolhido para este novo partido (a maioria também cindidos do BNG que pretendem construir um centro galeguista) um canto ao “bilinguismo cordial” e outros uma homenagem à normativa oficial (a dos “x” em toda a parte e o “grazas Galicia”). No entanto, nas suas propostas programáticas falam de que “devemos desenhar uma estratégia atualizada para somar o maior número de segmentos sociais à defesa da nossa língua, e que aproveite as oportunidades de pertencer ao sistema linguístico galego-português” e também “Galiza precisa de jeito imediato uma Agenda de Política Exterior que promova o papel e os interesses da Galiza no mundo, aproveitando os vínculos da emigração exterior e valorizando a nossa língua, como instrumento especialmente útil no âmbito linguístico galego-português”. Leram O Galego é uma Oportunidade.

O Conde era galego e quase ninguém sabia… Mario comprou um paço e regressou à terra com sotaque galego um bocado (peri)patético (à moda Xan das Bolas). Soubemos por ele que a sua mãe, nascida numa aldeinha de Covelo e educada em Lisboa, continua a falar-lhe “galego-português”… e, que curioso!, entendem-se sem problemas. Mais ainda, o Mário também proclama que O Galego é uma Oportunidade para o relacionamento com a Lusofonia “se formos capazes de reconstruir o galego”. Mas isto são apenas palavras, por escrito a mensagem do partido centra-se na defesa do supostamente ameaçado castelhano e assim afirmam que “as outras línguas espanholas gozarão de proteção estatal, podendo ser objeto de ensino e aprendizagem como segunda língua à eleição dos progenitores, mas nunca em detrimento do idioma oficial de Espanha”.

Existem ainda outras formações políticas muito minoritárias. Uma delas, o Partido da Terra, usa o Acordo Ortográfico sempre, sendo por este motivo denegada a validez dos seus boletins de voto, polo que apresentaram um recurso perante a Junta Eleitoral.

Se não estivéssemos na Galiza (onde nada é o que parece), ninguém conseguiria entender que os candidatos mais espanholistas proclamem sem rebuço que O Galego é uma Oportunidade. Cousas vereis!

http://www.youtube.com/watch?v=MqQVCQehCqs&feature=related

http://www.xunta.es/linguagalega/galego_chave_negocios

http://canletv.agadic.info/curta/entre-linguas/

http://www.teleminho.com/ (eleições galegas 21O, Mario Conde, parte C, 7’57”)

Claro que, como diz o povo, o falar não tem cancelas.

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