10 de març de 2013
3 comentaris

Renúncia do papá Ferrín

Ainda comocionado o orbe pola resignação de Bento XVI, o papá Xosé Luís Méndez Ferrín segue os seus passos, demite-se como presidente e deixa a Real Academia Galega (RAG). É o segundo académico que abandona a instituição nos seus mais de cem anos de vida, após a renúncia por heresia lusista de Jenaro Marinhas.

O escritor “nobelável”, vanguarda esclarecida do proletariado galego, farol do soberanismo que não se vende a Lisboa e martelo de hereges reintegracionistas, foi vítima de um obscuro conluio pequeno burguês das lojas pinheiristas que, desde há mais de trinta anos, governam com mão de ferro a língua e a cultura da Galiza

O também papá e secretário da RAG, Xosé Luís Axeitos, denunciava, um dia antes da demissão, as manobras do Instituto da Língua Galega (ILG) e do Conselho da Cultura Galega para “colonizar a Academia”. O fiel e académico Darío Xohán Cabana desvendava por completo a trama, uma aliança da imprensa madrilena mais espanholista, a Rádio Galega, os galeguistas de direitas e mesmo algum “ex-coronel” da Unión do Povo Galego com alguma purga pendente com o Ferrín.

Estes inquisidores pequeno-burgueses falaram em nepotismo e corrupção… Não é Kim Jon-il filho de Kim Il-sun? Não é Raul irmão de Fidel? Não é José Manuel Baltar filho de José Luís Baltar? Não é o amor do papá (e “sogro”) Ferrín autenticamente revolucionário e patrioticamente galego?

Também a inveja maldizente questionou com raiva o uso do Audi oficial cedido polo Governo galego. Talvez nunca perdoassem a Ferrín a sua altura institucional, surpreendidos pola sua elegância no trato com o presidente Feijóo ou com o conselheiro Vázquez. O mesmo Ferrín que recorria do Decreto 79/2010 (decreto do plurilinguismo) era capaz de chegar aos acordos necessários com as autoridades galegas… e ainda espanholas. Lembremos que um dos grandes êxitos da presidência do demitido foi conseguir que a RAG não fosse discriminada nos orçamentos do Ministério do Reino a respeito das suas homólogas basca e catalã (quanto a conseguir igualdade de trato com a Real Academia Espanhola, o camarada ex-presidente sabia que era utopia niilista).

As diferentes “capelinhas” da cultura entoaram as ladainhas habituais perante a renúncia. A Asociación de Escritores en Lingua Galega pediu a continuidade de Ferrín.  A Mesa solicitou explicações sobre supostas pressões ligadas ao recurso contra o  decreto do plurilinguismo. E Rosario Álvarez, presidenta do ILG e secretária do  Conselho da Cultura Galega, pontífice máxima da intriga, lavou as mãos como Pilatos e, hipocritamente, reclamou a Ferrín que termine o seu mandato.

Como prova do revisionismo e desviacionismo de alguns conspiradores, deixamos as declarações feitas, semanas antes da demissão, por Ramón Villares, presidente do Conselho da Cultura Galega (segundo a imprensa, um dos mais contrários a Ferrín e não por acaso de Vilalva, como Fraga R.I.P. e o “papável” Rouco):

“Tomamos unha decisión no seu día que hai que asumir pero tamén hai que revisar. A decisión foi estandarizar a lingua con máis aproximación á lingua falada, que ten a súa lóxica, e facer unha estratexia sobre o galego como idioma independente que o separou máis do que xa o estaba do mundo luso-brasileiro. Isto conseguiu que cando o galego entrou no sistema educativo e nas institucións, fose aceptado, pero deixounos á marxe dun padrón lingüístico do que formamos parte, o portugués-brasileiro, que debíamos cultivar moito máis.(…) Desaproveitamos ese recurso. Entendo ben porque se fixo, non só por moderación política, tamén por nacionalismo. Para os nacionalistas, mesmo para os máis radicais, ter unha lingua propia é un factor substancial de identidade. Pero que iso fose así non quere dicir que non sexa revisábel e teñamos que facelo. Quizais esteamos agora no momento de reconsideralo.

Desejamos que o Ferrín, retirado das tentações do mundo como Ratzinger,  reencontre a tranquilidade de espírito necessária para que as musas o acompanhem. Não sabemos se será na cima de Anamão a sonhar romances arraianos ou na porta da Citroën a repartir panfletos. Seja para bem da nação. Sic Transit Gloria Mundi.

  1. A perspetiva com que se escreve este artigo parece-me sectária e, precisamente por isso, bem pouco informativa. E com isto nom nego a grande parte de razom que sem dúvida tem, mas as maneiras som-che-vos importantes.

Deixa un comentari

L'adreça electrònica no es publicarà. Els camps necessaris estan marcats amb *

Aquest lloc està protegit per reCAPTCHA i s’apliquen la política de privadesa i les condicions del servei de Google.

Us ha agradat aquest article? Compartiu-lo!