Da Catalunha para o Mundo

Blog da Taíza Brito e do Gerard Sauret

Arxiu de la categoria: Outros

Barcelona comemora 300 anos de espírito catalão com 7 instalações públicas

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Todos os anos os cidadãos da Catalunha comemoram os eventos de 11 de setembro de 1714, uma data fundamental na Guerra da Sucessão Espanhola que simboliza o que Voltaire chamou de “o amor extremo pela liberdade dos barceloneses”. Com este ano marcando o 300º aniversário destes eventos históricos, Barcelona Cultura incumbiu a Fundació Enric Miralles da curadoria de 7 instalações públicas na cidade como parte do programa Tricentenari BCN.

O resultado é o BCN RE.SET, organizado por Benedetta Tagliabue da Fundação Enric Miralles e pelo diretor de teatro Àlex Ollé, que convidaram arquitetos de diversos países a colaborarem com universidades locais e criarem instalações simbolizando 7 conceitos ideológicos e políticos: Citadela, identidade, liberdade, Europa, diversidade, democracia e memória. Estas instalações permanecerão expostas até o dia 11 de setembro. Saiba mais sobres as obras, na página do ARCH DAILY, o site de arquitetura mais visitado no mundo, agora também em português.

Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 2 d'agost de 2014 per TaizaBrito

O Barça e a independência da Catalunha na BBC Brasil

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No mesmo dia que um dirigente do FC Barcelona encontrava-se no Brasil para avaliar a contratação do zagueiro Rodrigo Caio, do São Paulo (ver notícia aquí), a BBC Brasil publicou um interessante artigo sobre a potencial influência que o clube catalão pode exercer sobre a independência da Catalunha.

Assinado por Liana Aguiar, o artigo toma como ponto de partida um relatório de inteligência policial ao qual teve acesso a revista espanhola Interviú, o que já foi divulgado por este blog em um post anterior . Contudo, a BBC Brasil foi além. Cabe elogiar o trabalho de Liana Aguiar, que entrevistou por telefone ao secretário geral de Esporte da Catalunha, assim como a diversos especialistas na área.

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Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 22 de juliol de 2014 per TaizaBrito

A Escócia e a Catalunha vão ser independentes?

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No site de notícias português Observador, o “vídeo do dia” de hoje é o programa Conversas à Quinta”, com José Manuel Fernandes, Jaime Gama e Jaime Nogueira Pinto, que esta semana abordou os nacionalismos na Europa, a pretexto dos referendos independentistas na Escócia e Catalunha. Veja neste link a versão completa da tertúlia (45m), que ofereceu uma interessante perspectiva histórica dos processos soberanistas em curso nessas nações européias, analisando desde a época dos respectivos impérios britânico e espanhol.

Também está disponível a versão resumida do programa neste outro link.

 

Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 18 de juliol de 2014 per TaizaBrito

Catalunha: uma nação submersa na luta pela liberdade

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Desde que o processo soberanista começou a ganhar corpo na Catalunha, há quatro anos, venho acompanhando a divulgação de notícias sobre o tema por parte da mídia local, majoritariamente fincada em Barcelona.

Como jornalista, tenho a convicção de que além de trabalhar pela ampla e plural cobertura dos passos dados até agora, quando a população aguarda o 9 de novembro para votar se quer se separar da Espanha, os defensores da emancipação política devem também se preocupar em propagar o que está acontecendo na Catalunha para além de suas fronteiras.

Faço essa observação desde o Brasil, de onde escrevo textos para o blog Da Catalunha para o Mundo, ancorado na página do jornal digital Vilaweb, sediado em Barcelona.  A idéia de criar o blog surgiu do propósito de divulgar notícias em língua portuguesa sobre o processo soberanista catalão, visando a contribuir para que mais gente no mundo afora saiba o que está acontecendo atualmente.

Digo isso porque pouca gente fora da Espanha conhece a história da Catalunha, muito menos dispõe de informações sobre a luta pela independência. Há quem nem saiba que se fala outra língua no país além do castelhano. Informação que frequentemente causa surpresa aos brasileiros que viajam a Barcelona.

Isso aconteceu comigo quando, há 12 anos, coloquei os pés em Barcelona pela primeira vez, numa viagem de férias. Ao caminhar pelas ruas, tentando decifrar as placas informativas ou entender o que estava escrito nos folhetos de divulgação turística, não conseguia identificar qual era aquela língua.

Jornalista desinformada? Apenas mais uma entre os milhões de pessoas que vivem nas Américas e recebem informações da propaganda oficial da Espanha, a quem não interessa que se destaque que no país falam-se outras línguas e o porquê disso. Muito menos que a configuração atual do Estado espanhol tem apenas 300 anos e foi traçada a custa de batalhas sangrentas, especialmente na Catalunha.

Assim, causa surpresa quando um turista latino-americano chega a Barcelona e dá de cara com a língua catalã. Mais ainda quando se descobre que esta região tão conhecida mundo afora pela grandiosidade da arquitetura e a badalação em torno dos chefs de cozinha, só para citar duas características, é uma nação submersa que quer se separar da Espanha.

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Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 9 de juliol de 2014 per TaizaBrito

Cursos de catalão para lusófonos se multiplicam na internet

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Que a independência da Catalunha implicará na projeção internacional da língua catalã, já foi anunciado há um bom tempo pelo escritor Mathew Tree neste vídeo, que pode ser visto no site do projeto Amb Independència (em português: Com Independência). Hoje, a menos de 5 meses do referendo previsto para 9 de novembro (9-N), este prognóstico começa a tornar-se cada vez mais evidente, com pequenas, mas significativas iniciativas. Atualmente, pode-se detectar na internet um aumento na oferta de cursos de catalão, presenciais ou a distância, destinados ao público de fala portuguesa.

 

Na cidade de Porto Alegre, no sul do Brasil (Estado do Rio Grande do Sul), a escola privada ABC Idiomas, que trabalha com o ensino de oito línguas estrangeiras, iniciou um novo projeto chamado ABC Hispânia, destinado ao ensino do catalão e do basco. Curiosamente, na propaganda institucional vê-se claramente a estelada (bandeira que simboliza a independência da Catalunha)  e a Ikurriña (bandeira oficial basca) para identificar os respectivos idiomas. Confira, por exemplo, a página em que a língua catalã é apresentada.

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Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 26 de juny de 2014 per TaizaBrito

PROCESSO NA ESCÓCIA É REFERÊNCIA PARA CATALUNHA

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Como lembra hoje o jornal eletrônico VilaWeb, faltam menos de 100 dias para que  a Escócia realize um referendo, marcado para 18 de setembro de 2014, em que seus cidadãos decidirão sobre sua possível independência do Reino Unido. Pouco depois, em 9 de novembro, será a vez dos catalães expressarem nas urnas sua vontade de permanecer ou não no Reino da Espanha.
Catalunha e Escócia são duas nações históricas europeias que despontaram nesta segunda década do século XXI em sua lutas democráticas em prol da respectiva independência. Uma e outra compartilham características similares, como uma extensão geográfica modesta (Escócia, com 79 mil km2 e a Catalunha, com 32 mil km2) e uma população parecida (5,1 milhões de escoceses contra 7,5 milhões de catalães).
Contudo, na Catalunha tem um peso preponderante (mas não exclusivo) no debate sobre a independência a questão da língua (o catalão) frente ao espanhol e o reconhecimento de sua soberania como nação. Enquanto que na Escócia o inglês é tão hegemônico que nem se discute essa questão. Lá, a controversia gira em torna da pertinência de poder tomar decisões políticas e econômicas sem a anuência de Londres e levando em conta, em primeiro lugar, os interesses do país.
Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 10 de juny de 2014 per TaizaBrito

“EL CANT DELS OCELLS” AO ESTILO FADO EMBALA CASTELOS HUMANOS EM LISBOA PELA LIBERDADE DA CATALUNHA

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Diante do Panteão Nacional, no emblemático bairro lisboeta de Alfama, aconteceu sábado, pela primeira vez na história, a fusão de dois Patrimônios imateriais da Humanidade: o fado português e os castelos humanos (castellers) da Catalunha.

Quem presenciou o evento pôde apreciar uma interpretação ao mais puro estilo de fado, da canção tradicional catalã “El cant dels ocells”, embalando as construções humanas que levantavam ao vento as bandeiras de Portugal, da Catalunha e da agremiação castellera do bairro barcelonino de Sants. Veja os vídeos:

Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 9 de juny de 2014 per TaizaBrito

CATALUNHA x ESPANHA: HISTÓRIA DE UMA DESAFEIÇÃO (4ª parte)

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O catalão, falado desde a Idade Média em toda a Catalunha, começou a perder espaço para o castelhano na nobreza local, na época dos Reis Católicos. E após a derrota de 1714, foi sendo marginalizado pelo Estado. Contribuíram, para tanto, restrições ao seu uso na administração e na vida pública, tornando o castelhano a língua de prestígio e ascensão social.

 

Mas no século dos nacionalismos (XIX), o catalão ressurgiu como língua culta. Houve um movimento que promoveu seu renascimento cultural (renaixença) com concursos de literatura, assim como o resgate dos autores clássicos e as obras medievais.

 

No início do século XX, o catalão foi normatizado com a edição de um dicionário e uma gramática. A co-oficialidade da língua finalmente foi alcançada com o Estatuto de Autonomia, de 1931, numa Espanha já republicana. Mas foi uma ilusão intercalada entre duas ditaduras militares na Espanha, a de Primo de Rivera (1923-1930), e a de Franco (1939-1975), em que houve forte repressão cultural contra o catalão e os partidos catalanistas.

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Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 8 de juny de 2014 per TaizaBrito

CATALUNHA x ESPANHA: HISTÓRIA DE UMA DESAFEIÇÃO (3ª parte)

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ECONOMIA

 

Beneficiada pela proximidade com os demais países da Europa e por uma divisão de terra equilibrada, a Catalunha despontou na idade moderna como região orientada para a produção e o comércio de mercadorias. No início do século XVIII, a Catalunha tinha entrado na guerra de sucessão espanhola inspirada no parlamentarismo, como modelo de estado, e o mercantilismo industrial, a exemplo de seus aliados: os Países Baixos e a Inglaterra.

 

Mas a derrota definitiva de 1714, com a queda de Barcelona, submeteu o país a um modelo de estado centralista em Madri, de corte francês, e resultou na suspensão das instituições próprias de governo. Na segunda metade do século XVIII, a Catalunha voltou a erguer-se com o crescimento das manufaturas e a produção têxtil, de alimentos e de aguardente, em boa parte graças ao comércio com as Américas, antes proibido pela Espanha.

 

No século XIX, tais condições favoráveis trouxeram a revolução industrial ao nordeste da Península Ibérica. Enquanto a Espanha continuava largamente agrária, com uma aristocracia fazendária e latifundiária, aliada às elites políticas e do Estado, na Catalunha ia se gestando uma sociedade de classes urbana e moderna, com burguesia e proletariado. Esta dissociação entre o poder político, em Madri, e uma parte importante do poder econômico, na Catalunha, é um fator que ajuda a explicar o surgimento do nacionalismo político.


Hoje a Catalunha concentra 16% da população e 20% do PIB da Espanha, sendo considerado o seu principal motor econômico. Paradoxalmente, recebe menos em investimentos e infraestrutura por parte do governo central (11%). O que tem enervado a sociedade catalã, que acusa a Espanha de infligir sistematicamente um déficit fiscal severo (a diferença entre o que se arrecada num território e o que se investe nele), equivalente a 8% do PIB catalão. Este número vai além da solidariedade entre territórios, argumenta o coletivo Wilson, formado por catedráticos de economia. Que afirma ser um índice muito superior do aplicado em outros países nas suas regiões ricas, como Flandes, na Bélgica (4,4%) ou Alberta, no Canadá (3,2%).

 

Com a chegada da crise econômica, em 2008, os ânimos foram se esquentando à medida que o governo catalão viu-se obrigado a fazer drásticos recortes em políticas públicas e estruturas de estado. O que tem comprometido o modelo de bem-estar e o nível de qualidade de vida alcançado ao longo das últimas décadas. O governo catalão, inclusive, viu-se obrigado a pedir empréstimos com juros, à Espanha, para atender aos fornecedores. Nessa conjuntura, a reivindicação pela plena autonomia na arrecadação de impostos, como já acontece no País Basco, ganhou espaço. Mas Madri negou-se a negociar. O que levou o atual presidente  a abraçar as teses soberanistas, em 2012.


CORREDOR MEDITERRÂNEO

 

A crise econômica na Espanha, que se alastra por mais de meia década tem se agravado pelas péssimas estratégias de investimento em infraestrutura sem retorno econômico – como por exemplo,  trens de alta velocidade que conectam províncias improdutivas. Nesse contexto, uma polêmica, a do “Corredor Mediterrâneo”, tem sido outro ponto de fricção entre a Catalunha e a Espanha.

 

Projeto a ser financiado pela União Europeia e pelo estado espanhol, o Corredor Mediterrâneo consiste na criação de um polo logístico que conectará os portos marítimos de Barcelona, Tarragona, Valência e de Algeciras (na Andalusia), mediante ferrocarril, com o centro da Europa. Este projeto permitirá o desembarque e entrega com maior celeridade de mercadorias provenientes da China (através do Canal de Suez), concorrendo diretamente com os potentes portos de Amberes, Rotterdam e Hamburgo.

 

No entanto, o governo da Espanha tem se mostrado reiteradamente reticente em defender o projeto diante das autoridades europeias. E, como alternativa, tem defendido o faraônico “corredor central”, que consistiria em conectar Madri com Paris, furando pelo meio as montanhas dos Pirineus.

 

Mas a obra do Corredor Central, que duraria décadas antes de poder ser inaugurada, é claramente menos eficiente do que a do Mediterrâneo, que aproveita a geografia favorável para o escoamento de mercadorias: o corredor natural a nível do mar que discorre pela costa mediterrânea da Península Ibérica até a França. Ainda, pelo corredor central os trens carregados de mercadorias teriam que superar o desnível existente entre a costa e o planalto de Castela, perdendo, mais tempo e energia.

 

O problema é que o “corredor mediterrâneo” não passa por Madri. Isto é, não se encaixa na concepção radial de infraestrutura que conecta o centro com a periferia, reforçando o poder e a influência da capital no Estado. E, ademais, contribui a estruturar os chamados Países Catalães, ao conectar especialmente a Catalunha com o País Valenciano. O que alimenta o fantasma da ameaça geopolítica à unidade do reino.

 

Recentemente a UE, que só se atende a questões econômicas, já desconsiderou o Projeto do Corredor Central e apostou decididamente pelo “Corredor Mediterrâneo”. Mas a polêmica tem gerado o estupor e a incredulidade entre o empresariado e o conjunto da sociedade catalã, convertendo-se em mais uma prova de que o estado espanhol joga decididamente contra seus interesses. Um estado que gostariam, mas que vêem que não podem chamar de seu.

(CONTINUARÁ 3 de 4) 

Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 7 de juny de 2014 per TaizaBrito

CATALUNHA x ESPANHA: HISTÓRIA DE UMA DESAFEIÇÃO (2ª parte)

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Após um longo período de decadência cultural e gradual recuperação econômica, na segunda metade do século XIX surgiu o nacionalismo catalão como movimento político moderno. E com ele vieram as reivindicações pela autonomia da Catalunha, que foi recuperada pelo breve lapso de 8 anos em que durou a 2ª República Espanhola. É de 1931 o primeiro Estatuto da Catalunha.

 

Mas os convulsos anos 30 trouxeram o golpe de estado dos militares espanhóis, que descambou numa sangrenta guerra civil e no início da ditadura de Franco. Em 1940, Lluís Companys, o então presidente da Generalitat, já no exílio, foi preso pelos nazistas e entregue a Franco. Companys foi o único presidente de governo no mundo democraticamente eleito que foi executado.

 

Com a morte do ditador, em 1975, o grito massivo nas ruas de Barcelona foi “liberdade, anistia e estatuto de autonomia”. No referendo da nova constituição espanhola (1978), que tratava a Espanha como uma nação constituída por nacionalidades históricas e regiões, o povo catalão votou massivamente a favor. E se consumou uma transição pacífica para a democracia.

Com um segundo Estatuto de Autonomia (1979), os partidos catalães no poder contribuíram para a governabilidade política e a estabilidade econômica na Espanha. O que foi moeda de troca para conseguir o direito de administrar a educação, saúde e segurança, entre outras. Mas quando o primeiro-ministro José Maria Aznar (PP) conseguiu a maioria absoluta no Parlamento da Espanha, no ano 2000, houve um movimento recentralizador que ameaçou os poderes dados ao autogoverno da Catalunha.

 

Em 2004, o então presidente catalão, o socialista Pascual Maragall (PSC), propôs a elaboração de um novo Estatuto de Autonomia, que blindasse de uma vez por todas as atribuições do autogoverno e não deixasse margem à recentralização de Madri. E o recém-eleito primeiro-ministro, o socialista José Luis Rodriguez Zapatero (PSOE), aliado do PSC, prometeu que assinaria embaixo o texto que saísse do Parlamento da Catalunha.

 

Na câmara catalã, o documento redigido, que definia a Catalunha como uma nação, foi aprovado por 90% dos parlamentares. O texto seguiu para Madri, onde passou pelo crivo do Congresso e do Senado espanhóis, sendo alterado. Depois voltou para a Catalunha, onde foi votado em referendo e aprovado pela maioria (embora com larga abstenção) da população. Finalmente, Zapatero chancelou o terceiro Estatuto de Autonomia, em 2006.

 

Enquanto isso, o partido na oposição, o PP, iniciou por toda a Espanha uma campanha de coleta de assinaturas para derrubar o novo Estatuto, estimulando um sentimento anti-catalanista. Em 2007, entrou com um recurso no Tribunal Constitucional (TC), que levou três anos para emitir parecer sobre o assunto. Nesse tempo, foram se esquentando os ânimos e azedando as relações entre a Catalunha e a Espanha.

 

O veredicto final da sentença do TC, em 2010, declarava a ineficácia jurídica da definição de Catalunha como uma nação e recortava, mais ainda, certas atribuições de administrar nas áreas de justiça e educação. A classe política e a sociedade catalã vivenciaram todo aquele processo como uma humilhação e recepcionaram a sentença como um ultraje à dignidade.

 

O governo da Espanha coloca a Constituição de 1978 como um muro de contenção contra o independentismo catalão. O texto explicita a impossibilidade de secessão de um território do seu conjunto. Contudo, os catalães lembram que o texto constitucional foi lavrado no ocaso da ditadura de Franco, ainda sob a ameaça do estamento militar. E diante do princípio da legalidade antepõem o princípio anterior da legitimidade democrática.

LÉIA AQUI A 3ª PARTE

Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 6 de juny de 2014 per TaizaBrito

CATALUNHA x ESPANHA: HISTÓRIA DE UMA DESAFEIÇÃO (1ª parte)

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O Principado da Catalunha, com língua e cultura próprias, tornou-se uma entidade política soberana na Idade Média (séc. X). Por uma aliança matrimonial, Catalunha atrelou-se ao reino de Aragão. Formou-se então a Coroa de Aragão (séc. XII), que reconquistou dos mouros os Reinos de Malhorca e Valência (séc. XIII). Tempos depois, o rei da coroa de Aragão casou com a rainha de Castela e Leão. Foram os chamados reis católicos, que originaram a monarquia hispânica (séc. XV).

 

Em todos esses séculos de uniões dinásticas entre reinos ibéricos prevaleceu um sistema político (monarquia composta) que preservava a soberania das entidades componentes. A Catalunha, por exemplo, manteve desde o início suas próprias leis (furs i constituicions), seu órgão legislativo (les corts), de governo e arrecadação (la Generalitat) e sua identidade. Mas o modelo de estado foi motivo de tensões entre a capital imperial, com pretensões uniformizadoras, e os reinos periféricos ao longo dos séculos XVII e XVIII.

 Em 1640, a Espanha estava em guerra com a França e a Catalunha, na fronteira, era o campo de batalha. As pressões fiscais e presença do exército sobre a população levaram à sublevação. Catalunha se separou por 12 anos da Espanha, buscando abrigo no rei da França. Finalmente, foi reconquistada. Suas constituições foram respeitadas, mas para firmar a Paz dos Pirineus (e como castigo) um pedaço da Catalunha foi amputado e doado à coroa francesa.

Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 2 de juny de 2014 per TaizaBrito

CASTELOS HUMANOS NA EUROPA PELO DIREITO A DECIDIR DA CATALUNHA

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Seis cidades emblemáticas da Europa serão palco, em 8 de junho, de uma ação reivindicativa que promete chamar a atenção do mundo para o processo de independência da Catalunha. A ONG Òmnium Cultural realizará a campanha Catalans want to vote, human towers for democracy (Catalães querem votar, castelos humanos pela democracia), que consistirá na formação simultânea de castelos humanos em locais simbólicos de Berlim (Alemanha), Bruxelas (Bélgica), Genebra (Suiça), Lisboa (Portugal), Londres (Inglaterra) e Paris (França).

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Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 10 de maig de 2014 per TaizaBrito

“REFERENDO SOBRE A INDEPENDÊNCIA DA CATALUNHA EM 2014” JÁ TEM ENTRADA PRÓPRIA NA WIKIPÉDIA EM PORTUGUÊS

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Mais um sinal de que o processo em curso na Catalunha para realização de um referendo em 2014 ganha a atenção internacional é que acabou de ser criada uma nova entrada no Wikipedia em português sobre o tema. Por enquanto, a entrada ja está disponível em 14 línguas, no que é considerado o maior site colaborativo do mundo.

A versão portuguesa da entrada foi atualizada em 21 de abril, incorporando o link (como Ligações Externas) do novo site do governo da Catalunha que explica o referendo ao mundo: o cataloniavotes.eu. Contudo, só traz informações compiladas de matérias jornalísticas até final de 2013, quando o presidente da Catalunha anunciou a data e o formato da pergunta do referendo.

Confira a seguir o conteúdo da nova entrada:

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Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 25 d'abril de 2014 per TaizaBrito

Da Catalunha para o Mundo: Declaração de Intenções

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2014 será um ano decisivo, não somente para o Brasil, que sediará a Copa do Mundo e vivenciará eleição presidencial, como também para a Catalunha, uma nação dentro da Espanha, com língua própria, que chega a uma encruzilhada histórica. É que lá um grande movimento social vem lutando pela realização de um referendo este ano para decidir o seu futuro político.

O processo reivindicatório de independência da Catalunha chama a atenção pelo seu caráter pacífico e democrático, diferente de outros movimentos separatistas que ganharam os holofotes mundiais pelo uso da violência. E a cada dia, a maré soberanista conquista mais terreno, impulsionada pela mobilização cidadã e política.

Diante deste fenômeno político, que ressurge ciclicamente na história da Catalunha, o governo da Espanha opõe como um muro de contenção a Constituição de 1978, que explicita a impossibilidade de secessão de um território do seu conjunto. Mas, os catalães lembram que o texto constitucional foi lavrado no ocaso da ditadura de Franco, ainda sob a ameaça do estamento militar. E diante do principio da legalidade antepõem o princípio anterior da legitimidade democrática.

Quem está atento aos acontecimentos percebe que os defensores da independência política da Catalunha não estão dispostos a dar passos atrás. Ou seja, seguem firmes no propósito de realizar o referendo marcado para 9 de novembro de 2014, de modo a poder exercer o direito à autodeterminação.

Cada lance neste intrincado xadrez vem ganhando, pouco a pouco, visibilidade internacional, o que é favorável à causa catalã, haja vista o alto grau de desconhecimento que ainda há fora do território europeu sobre o movimento independentista.

Acompanho diariamente o noticiário sobre a Catalunha, principalmente na página do Jornal Eletrônico VilaWeb, sediado em Barcelona e que goza do prestígio de ser uns dos pioneiros do jornalismo digital na Europa. Através do site, fica mais claro como, em poucos anos, a causa deixou de ser monopólio de um reduzido grupo de partidos minoritários e ganhou o coração das ruas.

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Aquesta entrada s'ha publicat en Outros el 13 d'abril de 2014 per TaizaBrito