Presidente catalão quer independência em 18 meses
Deixa un comentariPublicado originalmente em 26/11/14
Artur Mas explicou o seu plano para fazer da Catalunha um Estado soberano. Passa por duas eleições antecipadas, uma delas sem partidos.
Dezoito meses é o tempo de que Artur Mas crê precisar para fazer da Catalunha um país independente. Há que precisar que o prazo deve ser contado a partir da data de umas possível eleições regionais antecipadas, conforme anunciou ontem e reafirmou hoje, no Parlamento da Catalunha, o presidente da Generalitat (governo catalão).
Artur Mas deu uma conferência em Barcelona, terça-feira à noite, para propor aos partidos que defendem a soberania catalã a formação de uma lista conjunta para concorrer a eleições regionais antecipadas. Estas tornar-se-iam uma espécie de substituição do referendo que o Governo espanhol não permite realizar.
Esse ato eleitoral serviria, por isso, para clarificar se os cidadãos da Catalunha querem ou não a independência. “Chegou a hora de utilizar esse instrumento”, afirmou Artur Mas, que até agora tem resistido às pressões de vários partidos para antecipar as regionais, previstas para 2016. “Creio que esta é a melhor opção, mas se houver outras propostas falaremos todos delas”, garantiu hoje no Parlamento regional.
Uma lista da sociedade civil
O líder catalão não faria questão, sequer, de ser o nº1 dessa lista unitária. “Posso encabeçar a lista, mas também posso encerrá-la”, afirmou. O importante seria ela reunir todas as forças independentistas. Caso obtivesse maioria absoluta, explica Artur Mas, o governo regional proclaramaria a independência passados 18 meses, após nova eleição.
O presidente da Generalitat não fixou uma data para a ida às urnas. “Só anteciparei as eleições se forem para fazer a consulta”, alertou. “Se forem só para mudar de Governo, não haverá antecipação.” O aviso é para a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que tem pedido eleições antecipadas motivada pela sua subida nas sondagens, que a colocam à frente da Convergência e União (CiU), a aliança governante liderada por Artur Mas.
“Temos de conseguir que alguns partidos concorram com um único programa [a independência]”, acrescentou. “Si houver mais de uma lista a favor do sim à independência, tem de haver uma candidatura que só por si obtenha a maioria absoluta no novo Parlamento.” Defende uma lista “mista” composta por representantes partidários e da sociedade civil e uma campanha financiada por subvenção popular. Propõe que os deputados eleitos nesse dia para o Parlamento catalão não voltem a concorrer às eleições seguintes.
Ano e meio de negociações
O Governo resultante dessas eleições, caso haja nelas uma maioria absoluta independentista, teria 18 meses para negociar com Espanha e com a comunidade internacional, além de redigir uma Constituição. “O processo todo deveria estar concluído no final de 2016”, afirmou. Nessa altura haveria novas eleições, em simultâneo com um referendo à secessão.
O líder da Esquerda Republicana, Oriol Junqueras, afirmou estar “satisfeito” com a proposta de Artur Mas e “disposto a dialogar”. Não se comprometeu com a ideia da lista unitária, preferindo convidar o presidente do governo regional para a sua própria conferência, a 2 de dezembro, na qual anunciará o seu plano para a independência.
Outros dois partidos soberanistas, a Iniciativa pela Catalunha-Verdes e a Candidatura de Unidade Popular, rejeitaram o plano do presidente catalão, tal como as forças políticas anti-independência: o Partido Popular (direita), que governa Espanha, e o Partido Socialista (PSOE).
Também há desunião na CiU, a coligação liderada por Artur Mas. Compõem-na a Convergência Democrática da Catalunha, formação mais separatista onde milita Mas, e a União Democrática da Catalunha, dividida entre separatistas e pessoas que preferem uma revisão do modelo territorial espanhol, sem cortar por completo. O seu líder, Josep Antoni Duran i Lleida, faltou à conferência de Artur Mas.
Já o Executivo de Madrid exprimiu a habitual inflexibilidade. Para o primeiro-ministro Mariano Rajoy (PP), Artur Mas “deu mais um passo para lado nenhum”. Acusa-o de se comportar como presidente “de uma parte dos catalães”.