19 de maig de 2013
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Dia histórico no Parlamento

No passado dia 14 de maio, as quatro forças políticas galegas representadas no Parlamento votavam unanimente a favor da tramitação da Iniciativa Legislativa Popular «Valentim Paz-Andrade». Inacreditável, o reintegracionismo conseguia uma vitória… e de mãos dadas com o PP (deG por esta vez).

A ILP «Valentim Paz-Andrade» tinha sido inscrita no Parlamento há agora um ano, na véspera do Dia das Letras. Mais de dezassete mil assinaturas fizeram possível a sua defesa parlamentar, que foi responsabilidade do empresário viguês José Carlos Morell. Morell centrou o seu discurso na economia, sem descuidar a cultura. Duzentos e cinquenta milhões de oportunidades podiam abrir-se para dous milhões e meio de galegos (X100). E em tempos de dura crise até o PPdeG esqueceu o seu consubstancial nacionalismo (espanhol) e, como a Senhora do Almortão, virou costas a Castela para olhar defronte para a Lusofonia…

Esta ILP procura incorporar “no prazo de quatro anos, a aprendizagem da língua portuguesa em todos os níveis de ensino regrado”, com um “especial reconhecimento do domínio do português para o acesso à função pública e concursos de méritos”, assim como estimular “o relacionamento a todos os níveis com os países de língua oficial portuguesa como objetivo estratégico do Governo Galego” e conseguir “a receção aberta das televisões e rádios portuguesas”.

A deputada nacionalista Ana Pontón foi a que interveio mostrando uma maior sintonia com o espírito que anima esta ILP. Falou na lusofobia como expressão da galegofobia e parabenizou, não sem certa ironia, a rapidez com que a esmagadora maioria popular tinha agilizado os trâmites parlamentares desta iniciativa em relação ao que era habitual.

Xavier Ron da Alternativa Galega de Esquerda (IU serei EU) quis incidir “na excelente ocasião, enriquecedora para o galego e a Lusofonia em chave de reprociprocidade nas artes, na música, nas editoriais, nas políticas ou nos âmbitos sociais e económicos”.

Para Francisco Caamaño, o ex-ministro do PS(deG, também, por esta vez), a ILP “toca o cerne mesmo da nossa alma como comunidade política”. Caamaño construiu  um discurso lusofílico e sentimental em que não esqueceu a utilidade do galego “como elemento de vantagem económica”, nem os seus estudos  na Faculdade de Direito de Coimbra.

A Lusofonia abre para a Galiza “uma porta para um mercado emergente” de  “extraordinário potencial económico”, salientou o popular Agustín Baamonde ao anunciar o surpreendente, por in
esperado, voto afirmativo do PPdeG. Baamonde defendeu um “trato preferente” para o português, se bem que esclarecesse que isto nada tinha a ver com a normativa oficial e que a incorporação ao ensino do português seria como língua estrangeira, devendo ajustar-se os seus prazos às possibilidades orçamentárias. Assinalou também que a receção das televisões e rádios portuguesas era competência do Governo de Madrid. No jornal Novas da Galiza referenciam “discretos contactos” entre empresários reintegracionistas e dirigentes do PPdeG que teriam facilitado o voto favorável deste partido político.
Por sua vez, Xesús Alonso Montero, novo presidente da Real Academia Galega, em declarações a este mesmo jornal, não ocultou a sua incomodidade com o facto de a Iniciativa ter sido promovida polo reintegracionismo, reconhecendo que poderá vir a favorecer as teses deste movimento. Alonso Montero protagoniza nestas primeiras semanas de presidência uma dura e absurda polémica com os nacionalistas do BNG, após afirmar que “o Bloque é como essas mães que lhe querem muito aos nenos e aperta-nos tanto que os abafam”. No BNG qualificaram-no de “espanholista extremista”.

OS: Entretanto, mais um ano, a Galiza comemorou o Dia das Letras, dia “santo” no calendário laboral, segundo o dizer dos velhos. O padroeiro foi Roberto Vidal Bolaño, dramaturgo e patriota galego. Para além dos atos litúrgicos promovidos pola Real Academia e a Secretaria Geral de Política Linguística, houve a tradicional procissão d’A Mesa, à qual se somaram as diferentes confrarias devotas da língua do país. O cortejo finalizou ao pé mesmo da Porta Santa da catedral, onde o presidente d’A Mesa, Carlos Callón, exortou os fieis numa vibrante homilia.


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