Jaume Renyer

per l'esquerra de la llibertat

5 d'octubre de 2015
0 comentaris

L’esquerra portuguesa a la cruïlla l’endemà de les eleccions del 4 d’octubre del 2015

Ahir es van celebrar eleccions legislatives a Portugal que van ser guanyades, tot i perdre la majoria absoluta, (l’Assemblea de la República l’integren 230 representats) per la coalició governamental conservadora PSD-CDS, liderada per Pedro Passos amb el 38’48 dels vots i 99 diputats, seguit del favorit al relleu, el Partit Socialista Portuguès encapçalat per Antonio Costa que obtingué el 32’38 dels vots i 85 diputats, i en tercer lloc pel Bloco de Esquerda (els anticapitalistes lusitans) amb el 10’22 dels vots i 19 diputats, i en quart lloc la Coalición Democrática Unitaria (la pantalla dels tardocomunistes del PCP) amb el 8’27 dels sufragis i 17 electes.

Grècia, Espanya i Portugal, són els tres estats sud-europeus que van transitar de les respectives dictadures cap a sistemes democràtics de tall occidental ara fa quaranta anys, havent estat governats episòdicament per partits socialistes de caire reformista amb balanços desiguals, però amb un denominador comú: no han esdevingut economies emergents a escala europea malgrat els ajusts substancials rebuts de la UE durant dècades i arribats els temps de crisi precisen de l’ajut comunitari, amb mesures més o menys dràstiques, per superar l’atzucac. Les causes del seu subdesenvolupament són endògenes i no pas imputables als efectes nocius del capitalisme ni a les polítiques d’austeritat imposades per Alemanya via Brussel·les.

Grècia ha trobat en Alexis Tsipras un governant amb capacitat estratègica i suport popular suficient per menar les reformes estructurals econòmiques i polítiques que l’estat hel·lènic precisa per adequar-se a les exigències de sostenibilitat d’acord amb el model euro-occidental imperant. El Regne d’Espanya està immers, tot i que des del govern de Madrid miri d’emmascarar-ho, en una profunda crisi institucional i econòmica agreujada pel conflicte plantejat per l’independentisme català. I Portugal, sense la repercussió mediàtica a escala continental que tenen els casos d’Espanya i Grècia, també es debat entre modernitzar-se cercant l’equiparació a mig termini amb els estàndards europeus o optar pel populisme anticapitalista que propugnen Podemos i el nou líder laborista anglès Corbyn.

És al Partit Socialista a qui correspon optar per formar majoria amb la coalició conservadora pactant un programa de govern reformista (podrien inspirar-se en les polítiques que promou Manuel Valls a França) o forçar un tripartit d’esquerres amb els anticapitalistes i els tardocomunistes. Aqueixa cruïlla és analitzada avui mateix per l’articulista de l’Observador, Alexandre Homem Cristo en la seva anàlisi postelectoral titulada “O PS quer ser rosa ou vermelho ?” que pel seu interès reprodueixo tot seguit:

“Muita gente no PS não percebeu que há um mundo ideológico a separar o respeitável PS da extrema-esquerda. Resta descobrir se a garantia de estabilidade de Costa será envenenada por essa facção.

No actual equilíbrio de forças, o PS escolhe o lado da social-democracia (do Euro e do Tratado Orçamental), ou o lado dos movimentos de esquerda populista (da ruptura com as regras europeias)? A pergunta não é de agora, impôs-se há demasiado tempo ao PS e a todos os grandes partidos do centro-esquerda europeu, aos quais a crise das dívidas soberanas forçou uma redefinição política. E o PS adiou a sua redefinição, tentando estar simultaneamente em ambos os lados – agradar a gregos e a troianos, a moderados e a radicais. Ora, essa indefinição do PS foi, desde 2011, um problema interno do partido. A escolha era do PS, as consequências (políticas e eleitorais) dessa escolha recaiam sobre os socialistas. Mas hoje isso mudou e, a partir deste dia 5 de Outubro, a indefinição do PS passou a ser um problema de todos os portugueses. Perante um governo minoritário de PSD/CDS, o país assentou o futuro nas mãos do PS, a quem compete decidir se deseja ser um eixo de estabilidade política ao lado de PSD e CDS, ou se prefere ir gerindo rupturas com PCP e BE até precipitar o país numa crise política.

O dilema é o mesmo com que o PS evitou lidar nestes últimos anos: social-democracia ou populismos de esquerda, estabilidade ou ruptura. Com a diferença de que, neste momento, a decisão já não pode ser protelada. Começa a ser definida na votação do programa de governo que PSD e CDS apresentarão dentro de dias, continua na discussão do Orçamento de Estado para 2016 (em Outubro e Novembro), e prolonga-se em vários dossiers sensíveis da governação (nomeadamente o da segurança social). Aceitará o PS negociar tudo isto com os partidos à direita, com quem partilha concepções sobre o regime democrático, a União Europeia e a economia de mercado? Ou tentará aproximar-se de PCP e BE para, em função das conveniências de calendário, inviabilizar a acção do novo governo PSD/CDS?

Na noite eleitoral, escutámos da boca de António Costa a garantia de que o PS viabilizará o programa de governo PSD/CDS e que não é sua intenção armar obstáculos à governação da direita. É um sinal positivo. E um acto de responsabilidade que merece ser reconhecido – sobretudo por fazer justiça à história do PS, marcada pela defesa do regime contra as tentativas de apropriação dos comunistas. Mas, por enquanto, é apenas um sinal. E, como em tudo o que envolveu o PS nestes últimos tempos, outros sinais contraditórios se manifestaram.

Por um lado, António Costa não se quis pronunciar sobre o Orçamento de Estado para 2016 (que, em campanha eleitoral, anunciara chumbar), embora tenha sublinhado no seu discurso de derrota que todas as suas promessas eleitorais seriam honradas. Por outro lado, passámos a noite eleitoral a ouvir ex-governantes do PS (Gabriela Canavilhas e Augusto Santos Silva) a incentivar António Costa a fabricar acordos com PCP e BE, de modo a impedir PSD/CDS de governar e impor o PS em São Bento – no fundo, reagindo positivamente à chamada que Jerónimo de Sousa e Catarina Martins fizeram. Ou seja, o PS é ainda um partido essencialmente dividido na sua indefinição entre o rosa e o vermelho.

Devia ser evidente que há um mundo ideológico a separar o respeitável PS da extrema-esquerda (visão sobre a democracia, sobre a economia e os mercados, sobre o Euro e a União Europeia). Infelizmente, para muita gente no PS, não é nada evidente que assim seja. Portanto, resta descobrir se a garantia de estabilidade de António Costa será envenenada por essa facção do seu partido, cuja preponderância ficou saliente na campanha eleitoral do PS através dos fundamentalismos de João Galamba ou Pedro Nuno Santos. Se António Costa sobrevive à pressão interna para se demitir. E se o PS conseguirá, finalmente, reencontrar-se e falar a uma só voz. São muitos “se”. E como o futuro do PS é incerto, também o futuro político do país o é.”

Post Scriptum, 21 d’octubre del 2015.

El pacte tripartit d’esquerres entre el PSP, els tardocomunistes i els anticapitalistes és un fet i suposarà desplaçar del govern l’aliança de centre-dreta que ha gestionat les polítiques d’estabilitat pressupostària marcades per la UE. Rui Ramos, historiador reputat, adverteix de la inconsistència del nou govern en un article publicat avui mateix al diari Observador titulat “António Costa do outro lado do muro“.

Post Scriptum, 23 de maig del 2016.

José Manuel Fernandes, periodista i escriptor, publica al diari Observador avui mateix aqueixa llarga reflexió sobre la relació entre l’esquerra i la llibertat que és vàlida no només per a Portugal: “A dificil relaçao da esquerda (alguma) com a liberdade”.

Post Scriptum, 5 d’octubre del 2019.

Avui, a Vilaweb, hom fa un balanç acurat dels quatre anys de govern d’esquerres a Portugal a la vigília de les eleccions de demà.

Post Scriptum, 14 de març del 2024.

Ahir, a Le Figaro :”L’historien spécialiste du Portugal, Yves Léonard, analyse la victoire de la droite aux élections législatives portugaises, anticipées, ce week-end et la montée de la droite populiste incarnée par le leader du parti Chega. «La percée d’André Ventura s’explique en grande partie par sa tolérance zéro en matière d’immigration».

Deixa un comentari

L'adreça electrònica no es publicarà. Els camps necessaris estan marcats amb *

Aquest lloc està protegit per reCAPTCHA i s’apliquen la política de privadesa i les condicions del servei de Google.

Us ha agradat aquest article? Compartiu-lo!